Tratamento do VHC drasticamente melhorado por testes mais rápidos nas prisões no Reino Unido

Prof.ª Ashley Brown: “O Programa de Eliminação do VHC e da Hepatite C está agora a avançar.

Uma das prioridades que temos é combater o VHC nos indivíduos com maior probabilidade de transmissão. Agora, um reservatório realmente importante do VHC está dentro do contexto prisional.

Sabemos que muitas pessoas na prisão estão lá devido a crimes relacionados com drogas ou as drogas fazem parte da sua vida, por isso sabemos que dentro da prisão vamos encontrar pessoas com um historial de consumo de drogas injetáveis e que serão positivas para o VHC.

Existem duas razões muito importantes para querermos eliminar o VHC nas prisões. O primeiro obviamente é parar a transmissão dentro da prisão, em muitos países ainda não é permitido o fornecimento de agulhas e seringas dentro da prisão, sabemos que a injeção ocorre e, portanto, surgirão novas infeções por VHC na prisão.

A outra é esta circulação de doentes que sabemos que as pessoas que injetam drogas entram e saem da prisão e enquanto estão na prisão dá-nos a oportunidade perfeita de tratar a sua hepatite c, de tal modo que à medida que voltam para a comunidade já não estão infetadas. Então, o princípio de tratar dentro das prisões é muito claro. As praticidades são um pouco diferentes. O grande problema que temos é que muitas pessoas admitidas na prisão devido ao crime relacionado com drogas estão lá por períodos de tempo muito curtos. Agora a via tradicional de teste de diagnóstico e tratamento da hepatite C é bastante longa, é uma via de três passos, em primeiro lugar iremos verificar a presença de anticorpos contra o vírus da hepatite C, para os doentes ou reclusos que são positivos para o anticorpo, depois teríamos de fazer um teste PCR para VHC para confirmar a viremia, e depois a terceira etapa é muitas vezes genótipo para podermos selecionar o tratamento correto para esses doentes.

O que estávamos a descobrir na minha prisão era que a maioria dos reclusos simplesmente não estava na prisão o tempo suficiente para atravessar esse caminho tradicional, por isso, o que precisávamos de fazer era reinventar o caminho para nos concentrarmos nesse período de tempo. Agora é aqui que entram os novos diagnósticos. O que determinámos foi que se pudéssemos fazer com que as pessoas fossem diagnosticadas e começassem o tratamento dentro de 24-48 horas, poderíamos tratar um número muito maior de reclusos durante a sua sentença e, além disso, quanto mais cedo iniciarmos o tratamento, menos provável é que transmitam a outros reclusos durante essa sentença.

Por isso, concebemos uma nova via, começando obviamente com um teste de anticorpos no "point of care", como teste de gota de sangue seco ou mais frequentemente nessa população de alta frequência, com um esfregaço de fluido oral que nos daria um resultado de anticorpos em poucos minutos. Passámos então para o Xpert® HCV VL Fingerstick que nos permitiria determinar aqueles doentes que eram virémicos no prazo de mais uma hora, por isso já concentrámos o que provavelmente teriam sido duas semanas de testes de tratamento em apenas duas horas.

Com a adição de medicamentos antivirais pan-genotípicos de curta duração de ação direta, conseguimos iniciar esses doentes imediatamente no tratamento, não tínhamos um genótipo que não importasse, mas o que sabemos então é que esses doentes deixariam de ser virémicos numa questão de dias e, portanto, a transmissão subsequente seria reduzida e também mais 60% de reclusos conseguiriam alcançar esse período de tratamento enquanto ainda estavam connosco.

E sabemos, ao analisarmos os resultados, que estamos agora a colocar muitos, muitos mais reclusos em tratamento imediato. Quando acompanhamos estes reclusos, a grande maioria está a atingir o seu VSR, a eliminação do vírus e também estamos a ver, na verdade, como está a modificar o comportamento, que é ser muito menos provável que corram riscos adicionais, porque se sentem melhor depois de eliminarem o vírus e podem então transmitir essa mensagem a outros reclusos e a outros consumidores de drogas na comunidade, encorajando-os a apresentarem-se para testes e tratamento.

Então, em conclusão, o que mostrámos é que o tempo é importante -- quanto mais cedo conseguirmos diagnosticar alguém e quanto melhor for o tratamento para esse indivíduo, melhor será para a comunidade e mais perto nos leva à eliminação do VHC.

E o teste Xpert® HCV VL Fingerstick representa realmente um papel muito importante na concertação desse percurso e a ajudar-nos a todos a alcançar a eliminação do VHC.”